quinta-feira, 9 de junho de 2011

Concerto Para Rameirinhas


Sexo é o tema central do mais novo trabalho da CiaSenhas de Teatro. Por que não é lícito vender prazer? Por que é tão embaraçoso falar sobre prazer em uma sociedade que o propaga o tempo todo? Por que não sexo sem amor?  Concerto para Rameirinhas que estreia dia 09 de junho, quinta-feira, às 20h, no Teatro Novelas Curitibanas, em Curitiba, sugere a reflexão de questões polêmicas como estas. Dois contos da escritora curitibana Luci Collin, Cotação do Dia e Fotinha, foram fontes de inspiração para o projeto que tem como proposta olhar para o prazer sexual a partir de um foco feminino. O trabalho foi viabilizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, por meio do Fundo Municipal da Cultura – Programa de Apoio e Incentivo à Cultura.
Um dos contos retrata uma mulher casada que não suporta mais sujeitar-se à estrutura convencional do casamento, no outro conto a irmã mais velha escraviza sexualmente a irmã caçula. “Acho o trabalho da Cia Senhas muito corajoso, pois se trata de uma homenagem às prostitutas. É difícil lidar com esse constrangimento, com esse desconforto que elas, as prostitutas, nos trazem, mas é uma oportunidade de denunciar a hipocrisia. E o mais interessante é que a companhia faz isso de maneira leve, jocosa. Estou muito feliz com o resultado e grata pela possibilidade dos contos não ficarem presos ao papel e se transformarem em entidades sonoras”, declara Luci Collin.
Por tratar-se de um concerto, a presença da música é substancial neste trabalho, a trilha é executada ao vivo e é um dos níveis de linguagem utilizado pela diretora Sueli Araújo. Ela explica que a peça é resultado de um processo de criação colaborativo entre atores, músicos e direção. “Trata-se de uma brincadeira erótica que discute o prazer feminino, o direito da mulher ao prazer”, define a diretora. Ela é quem assina a dramaturgia do trabalho. “A partir dos contos de Collin fizemos uma colagem e criamos um novo texto que fala de sexo o tempo todo, de forma escancarada, sem pudor. A idéia é liberar as palavras, sem agressão. Parece que sobre esse assunto tudo já foi dito, mas não é nada difícil, ainda hoje, em pleno século XXI, tocar em tabus e velhos preconceitos nessa área. Por isso, o tema é pertinente e necessário”, revela.  Sueli conta que há muito tempo a companhia tinha interesse em trabalhar com os contos da autora curitibana por se identificar com a escrita, com o universo que ela aborda e seu humor ácido. “Estamos muito excitados com esta possibilidade, pois o flerte era antigo”, conta Sueli.
A construção dramática se dá a partir da exploração de sonoridades de palavras, sons e instrumentos musicais. É no jogo de sentido e significado entre sons, instrumentos, personagens-atores, atores-narradores que se estabelecem as relações e se estrutura a dramaturgia da peça. O espaço cênico sugere uma rua com a presença da platéia em ambos os lados proporcionando uma atmosfera de intimidade e cumplicidade. Neste espaço se desenvolvem dois ambientes: um fictício que sugere um cabaré numa perspectiva urbana e contemporânea, sobre o qual desfilam as personagens presentes nos contos de Collin e no segundo ambiente músicos e atores assumem a “real” função de concertistas e condutores do cabaré. A encenação propõe o jogo dentro do próprio jogo teatral. Ora os atores são personagens, ora narradores da história, ou seja, ilusão e realidade se misturam e fazem parte do jogo. “Os contos da Luci são muito tocantes e de certa forma também divertidos. Acho que neste trabalho estamos nos permitindo descobrir novos caminhos de criação, de relação com o texto e também com a sonoridade das palavras”, conta a atriz Greice Barros.
Sobre o título da montagem a diretora explica que o termo rameirinha é uma forma graciosa escolhida para substituir rameira, cujo significado é prostituta. O sublime e o grotesco estão lado a lado nesta montagem que procura contrabalançar também a delicadeza e a crueldade. A dimensão dos textos de Collin trazida pela profunda humanidade dos seus personagens dialoga diretamente com a proposta de trabalho que a CiaSenhas vem desenvolvendo e buscando nos últimos anos.

FICHA TÉCNICA

Direção e Dramaturgia: Sueli Araujo
Contos “Fotinha” e “Cotação do dia”: Luci Collin
Atores: Anne Celli, Greice Barros e Luiz Bertazzo
Composição e Execução Musical: Ary Giordani e Luis Otávio
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Cinthia Kunifas
Cenário: Paulo Vinícius
Figurino: Amábilis de Jesus
Iluminação: Wagner Corrêa
Maquiagem: Marcia Moraes
Design Gráfico: Adriana Alegria
Fotos: Elenize Dezgeniski
Direção de Produção: Marcia Moraes
Assistência de Produção: Lígia Oliveira

 
SERVIÇO
Concerto para Rameirinhas
De 09 de junho a 10 de julho
De quinta a domingo - Sempre às 20h - Teatro Novelas Curitibanas - Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1222 – São Francisco
Telefone: 41 3321 3358
Entrada Franca
Realização: CiaSenhas de Teatro