segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Elogio à Narradora do Invisível

(foro divulgação)


Ela narra o invisível.
Clarice narra a alma desnudada através de palavras que ninguém melhor conseguiu descrevê-la.
Já li tudo. Estou relendo. Sei que ainda vou reler muitas vezes.
Em certa entrevista, Caio Fernando Abreu disse que se proibiu de ler Clarice, mas pegava-se lendo escondido dele mesmo. É vicio difícil de largar. Emoção que jorra até o pranto, lágrimas de água viva.
O teatro já se apropriou muitas vezes dos seus contos, romances e cartas. Eu mesmo, já bebi dessa fonte em algumas experiências, Olha para mim e me ama, em 2004, por exemplo. A obra de Clarice Lispector tem um profundo conteúdo dramático, pois traz personagens com alto teor psicológico, capaz de encantar qualquer platéia. O discurso quase sempre não é linear. Ela escrevia de forma bastante singular. Sua literatura já virou também filme. O curioso é que ainda não consegui ver A hora da estrela de Suzana Amaral. Falta grave.
Há, entre todos os escritos de Clarice, obras que nem ela entendia direito. O conto O ovo e a galinha sempre foi um mistério para si. Filosofia pura. Água viva, também é considerada uma obra hermética pelo conteúdo existencial descrito pela personagem narradora.
O teatro contemporâneo, por ser também reflexo do pensamento existencialista, é um constante veículo de divulgação dos escritos de Clarice Lispector. Já vi inúmeros espetáculos que partiram das suas obras. Alguns valeram muito á pena, outros valeram apenas como homenagem, como promessa, pois faltava muito para chegar ao nível da literatura clariceana. De qualquer forma, é sempre bom saber que atores, diretores e público se interessam cada vez mais por Clarice.
Sou fã incondicional. Já pensei em adotar o Lispector como sobrenome artístico em homenagem, tietagem pura. Outro dia, recebi uma postagem de comentário no Blog de outra fã que ousou o que eu já quis: adotar o sobrenome. Um fã tem sempre o desejo de querer trazer para si algo do seu ídolo. Um dia vou adesivar a imagem da Clarice numa parede inteira do meu apartamento. Depois convido a Dani para um café. Suspiraremos juntos.
Hoje resolvi escrever sobre ela porque acabei de concluir um trabalho e já estou iniciando outro. Como Clarice, para mim o período entre um trabalho e outro é como morte. O renascimento só acontece ao iniciar uma nova obra. Entre um e outro, descansei apenas um dia. Foi o suficiente para querer novamente viver.
Este texto vale também como elogio. Elogio à Clarice, à vida e ao invisível – espaço que existe entre a morte e o renascimento, entre o fim e o recomeço. Ao invisível que existe entre o que escrevo e o que você lê.
Só nós sabemos.

“Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.” (Esboço para um possível retrato)


“Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo. Eu só trabalho com achados e perdidos.” (Água Viva)


“E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável. Eu compreendo melhor a morte.” (Um sopro de vida)

Para saber mais sobre Clarice Lispector: http://www.claricelispector.com.br/

domingo, 1 de fevereiro de 2009

PAULO BISCAIA: Diretor curitibano é o responsável pela Companhia que mais forma platéia na cena contemporânea em Curitiba.



(HITCHCOCK BLONDE - foto de Daniel Sorretino)

DE CINEASTA PARA DIRETOR TEATRAL
Paulo Biscaia, um importante diretor em Curitiba, se afastou do teatro por quatro anos. Esse “hiato” aconteceu no período correspondente entre o ano de 1999 e 2003, quando estreou MORGUE STORY. Durante esse tempo ele esteve estudando os recursos do áudio-visual. Sorte nossa, do público de teatro, que podemos assistir a um dos encenadores que melhor se relaciona com a projeção em vídeo da contemporaneidade. De 2004 para cá, Paulo Biscaia mescla, na dramaturgia e encenação dos seus espetáculos, diálogos bem executados entre projeções e atores, cria cenários e paisagens visuais e instaura pura poesia visual diante dos nossos olhos. Olhos que esperam para ver o que o Biscaia vai inovar na próxima montagem. Paulo faz isso melhor do que ninguém, principalmente por ser ele mesmo o técnico de montagem.
Ainda quando era adolescente, Paulo sonhava em ser diretor de cinema. Seu interesse era pela linguagem cinematográfica. Como o teatro era o caminho que mais se aproximava do cinema, naquela ocasião por motivos pessoais, foi cursar a antiga Faculdade de Teatro da PUC-Paraná, hoje FAP – Faculdade de Artes do Paraná, instituição onde ele é educador.
Fui seu aluno na disciplina Evolução do Teatro. Talvez o melhor conteúdo de suas aulas fossem as referências que ele nos trazia. Estudamos de José Celso Martinez Correia até Gerald Thomas, só para citar alguns dos brasileiros selecionados.
A linguagem em quadrinhos, uma de suas importantes fontes de inspiração, é uma paixão antiga. Desde a adolescência ele se interessa por eles. É sobre eles que, nesse ano de 2009, ele pesquisará a vida e principalmente a obra de Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, que é o criador das Revistinhas ou dos Catecismos, que tanto fizeram a cabeça e as fantasias sexuais dos adolescentes dos anos 50 e 60 e que hoje são famosos pela sua liberdade criativa, principalmente numa época de repressão moral dos instintos sexuais humanos. Tal pesquisa será financiada por uma bolsa de estudos da FUNARTE e resultará na construção de um texto dramático de sua autoria.
Já outras referências das linguagens artísticas, apresentadas por Paulo Biscaia, aparecem na sua vida segundo a necessidade dos seus espetáculos. O stencil de GRAPHIC, por exemplo, foi uma delas.
Paulo dirige há doze anos a companhia curitibana Vigor Mortis e hoje tem seu lugar garantido nos palcos brasileiros. É bacana saber que seus espetáculos são produzidos e montados em Curitiba. É bacana poder indicar seus espetáculos para os amigos que vem me visitar em Curitiba. Sempre existe assunto para se falar no jantar depois da sessão. Aliás, quando alguém que deseja cultivar o hábito pelo teatro e me consulta por onde começar, não tenham dúvida, é o trabalho que o Paulo realiza junto da Vigor Mortis que está na ponta da língua. Até hoje não errei.
Vida longa a sua criação!


(GRAPHIC - foto divulgação)



VIGOR MORTIS
Prestes a estrear o espetáculo HITCHCOCK BLONDE no Rio de janeiro, em turnê de duas semanas, o diretor lembra de qual era o objetivo principal da companhia ainda quando estava para estrear MORGUE STORY, ou seja, queria se dedicar à um teatro que realmente agradasse ao público. Com essa preocupação, Paulo acreditava que não adiantava simplesmente virar as costas para o desinteresse do público pelo teatro. Desde então passou a se dedicar por uma linguagem que realmente se comunicasse com o possível público que estava cansado de buscar nos espetáculos, além da qualidade técnica e artística, uma feliz oportunidade de entretenimento. Entre tantos, talvez esse seja o grande motivo que garanta a Vigor Mortis casa lotada nas sessões colocadas em cartaz na cidade de Curitiba. O público já está acostumado a comprar antecipadamente os ingressos para os espetáculos da Vigor, porque sabe que se deixar para a última hora, pode voltar para a casa sem conseguir entrar no teatro.
A companhia foi fundada em 1997 com o espetáculo PEEP, ATRAVÉS DOS OLHOS DE UM SERIAL KILLER, de lá para cá vieram DCVXVI – EIS O FILHO DA LUZ (em 1999) , MOBY DICK E AHAB NA TERRA DO SOL (2004), MORGUE STORY – SANGUE, BAIACU E QUADRINHOS (também em 2004), SNUFF GAMES (Outubro de 2004), GRAPHIC (2005), PINCÉIS E FACAS (2006), DIMENSÃO DESCONHECIDA (também em 2006 em parceria com o grupo Antropofocus), GAROTAS VAMPIRAS NUNCA BEBEM VINHO (2007), HITCHCOCK BLONDE (2008) e SANTA E DOMÊNICA (Também em 2008).
A turnê de HITCHCOCK BLONDE no Rio estréia dia 05 e vai até o dia 15 de Fevereiro no Teatro Nelson Rodrigues.




(MORGUE STORY - foto divulgação)

PROJETOS PARA 2009
Além da turnê no Rio, a Vigor Mortis prepara para 2009 outra turnê de HITCHCOCK BLONDE em Brasília para o mês de Abril e o lançamento oficial nos cinemas de MORGUE STORY – O FILME que irá integrar a programação oficial do Swansea Bay Film Festival, em Swansea, País de Gales, Reino Unido. O festival acontecerá entre 30 de maio e 06 de junho. Coisa de gente grande, entendem?
Dois novos espetáculos serão levados aos palcos: NERVO CRANIANO ZERO em Setembro e MANSON SUPERSTAR em dezembro, minha primeira parceria profissional com a Vigor onde estarei assinando o cenário e o figurino do espetáculo.
A notícia bomba para esse início de ano, divulgada em primeira mão pelo Blog Figurino e Cena, é o teste de elenco onde a Vigor estará selecionando uma atriz para participar da próxima montagem que tem estréia marcada para o dia 16 de Julho em Curitiba, portanto atrizes interessadas devem se informar sobre datas e condições do casting no site da companhia. Corram!
Uma outra novidade para 2009 é o lançamento de VIGOR MORTIS COMICS, onde os personagens dos principais espetáculos ganharão versão em quadrinhos com textos do Paulo Biscaia e ilustração dos mesmos desenhistas que fizeram a programação visual de MORGUE STORY e GRAPHIC: José Aguiar e DW.
Quando pergunto ao Paulo, se ele já pode adiantar algo dos novos trabalhos, ele me responde que costuma comparar os integrantes da Companhia com uma banda de rock e que, portanto, duas das “músicas” mais pedidas para os próximos trabalhos são as projeções, que não poderiam faltar, e muito sangue.
Aguardamos ansiosos.

Maiores informações sobre a Vigor Mortis e os novos projetos no site: http://www.vigormortis.com.br/

domingo, 25 de janeiro de 2009

CHAC - Interior de São Paulo apresenta espetáculo com altíssimo rigor técnico e criativo


(foto divulgação)

Numa época onde se fala muito no incentivo e financiamento da arte no Brasil, surge em Bauru, interior de São Paulo, um espetáculo que, mesmo sem financiamento e leis de incentivo, pode ser considerado como um dos grandes representantes da melhor arte contemporânea produzida nas grandes capitais das nossas terras tropicais.Trata-se de Chac, espetáculo de dança criado e ensaiado pelo coreógrafo João César Barbosa que há muito vem se dedicando e se especializando na pesquisa e no desenvolvimento da dança.
A história de Chac é inspirada na lenda mitológica que apresenta o deus da chuva e da agricultura na civilização dos Maias, formado por quatro divindades separadas e representadas pelos quatro pontos cardeais. Foi essa divindade que, segundo a lenda, ofertou a primeira muda de milho ao povo maia.Mesmo seguindo o padrão clássico de criação cênica, ou seja, um espetáculo criado a partir de um roteiro linear e previamente estabelecido, Chac mistura tendências e estilos da dança contemporânea a partir de uma base clássica, principal formação do coreógrafo João César Barbosa. Formações acrobáticas desenham cenas no vazio poético do palco. Linhas bem definidas e composições geométricas criativas fazem de Chac um colírio para os nossos olhos sempre tão críticos e ávidos pelo acabamento estético.


(foto divulgação)

O elenco, formado por quatro jovens bailarinos, mostra em cena um altíssimo nível técnico, fruto de bastante trabalho dedicado entre aulas e ensaios ministrados por João César para uma academia da cidade. Os bailarinos Carlos Posso, Fábio Merlin, Júlio Segato e Vitor Salvadeo, donos de corpos bem treinados e bastante disponíveis dão um show de presença cênica e crescem no palco do teatro municipal da cidade de Bauru.

Como todo profissional que trabalha, anseia e se alimenta com imagens, minha fome estética se satisfez com a poética visual construída por João césar que apostou no corpo todo o potencial criativo para a comunicação visual da coreografia. Mesmo a sensualidade das malhas que compunha o figurino, pintadas artesanalmente pelo estilista Alexandre Granai, não falaram mais alto que o discurso visual do corpo. Chac é lindo e me emocionou.

Fica aqui o registro desse trabalho e a indicação para os investidores que procuram uma arte de qualidade para associarem seus nomes e de suas empresas. Chac é uma promessa bastante promissora para o que há de melhor e mais sensível na arte do Brasil.

Eu aposto.

(foto divulgação)

FICHA TÉCNICA:

Roteiro, preparação corporal e coreografia: JOÃO CESAR BARBOSA

Pintura do figurino: ALEXANDRE GRANAI

Elenco: CARLOS POSSO, FÁBIO MERLIN, JÚLIO SEGATO e VITOR SALVADEO.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

OBRAGEM TEATRO E CIA: Companhia curitibana faz crescer raízes no solo fértil do teatro contemporâneo e faz o meu coração vibrar mais forte.



(Espetáculo SOLO - foto de Roberto Reintenbach)

No final do Mês de Outubro de 2004 eu cheguei a Curitiba. Ainda não conhecia o trabalho das companhias e grupos daqui. Na aventura de conhecer os espaços culturais da cidade e o trabalho dos artistas, caí de pára-quedas no teatro Cleon Jaques no Parque São Lourenço. Ainda na sala de espera do teatro encontrei uma platéia tímida e silenciosa. Tensão e curiosidade. Em cartaz o espetáculo SOLO da Obragem Teatro e Cia. Ao final do espetáculo a platéia parecia a mesma, tímida e silenciosa, porém certo brilho no olhar daquelas pessoas me fazia adivinhar que, por dentro, estavam tão inquietas e incendiadas quanto eu. Eu estava mudo.
Anos se passaram e durante esse tempo eu continuei a acompanhar a pesquisa e o trabalho da Obragem. Nos tornamos amigos. Ano passado fui ver PASSOS, o mais recente espetáculo da companhia. A inquietação e a sensação de parecer estar incendiando por dentro foram as mesmas. A emoção era grande. Dessa vez, depois desses anos de amizade (principalmente pela minha tietagem), não saí mudo e correndo do teatro, fui ao camarim e fiquei falando, apesar da fuga das palavras que não vinham, falando e falando.
O que mais me encanta nos espetáculos da Obragem é a característica autoral dos seus conteúdos. A companhia não segue os “velhos” e conhecidos modismos do teatro contemporâneo, desenvolve uma pesquisa própria, capaz de lhes mostrarem até mesmo quais são as respostas que deveriam ter no início do processo e que não tinham. E eu, que sempre me considerei aventureiro, não podia imaginar que existisse tamanha coragem.



(O QUARTO - foto de Elenize Dezgeniski)


SOBRE O TEMPO.
A companhia foi fundada em 2002, pelos artistas Olga Nenevê e Eduardo Giacomini. O estímulo era romper com a forma que faziam teatro até então. Outros artistas foram convidados para a mesma viagem. O espetáculo de estréia foi ENTRE em 2003, “uma determinada decisão de pensar sobre a precariedade de comunicação no mundo em que estamos vivendo, por meio da perturbação dos sentidos” diziam Olga e Eduardo. A partir de então, os “novos filhos” dessa união, conjugal e profissional, vieram em forma de novos espetáculos: LABIRINTO também em 2003, SOLO em 2004, AMORFOU em 2005, O PONTO IMAGINÁRIO também em 2005, TUÍKE em 2006, O QUARTO – ENSAIO SOBRE A INTIMIDADE DOS CORPOS em 2007, GRUU também em 2007, WOYZECK no mesmo ano e PASSOS em 2008. Em cada espetáculo percebia-se o andamento e a evolução da pesquisa, porém a estética sempre se renovou a cada novo trabalho.
Os temas da Obragem sempre são existenciais. É sobre a tensão e as relações na subjetividade contemporânea que eles querem falar. Solidão, erotismo e morte foram alguns temas abordados pela Companhia.
Muitos artistas, de diversas áreas das artes, fizeram parte desse trajeto. Alguns partiram, outros ficaram. Outros foram, voltaram e ainda voltarão. Outros virão. Mas a alma da Obragem sempre foi alimentada, apaixonadamente, por Olga e Edu.


(WOYZECK - foto de Elenize Dezgeniski)



EU QUERO SER OLGA NENEVÊ.
Ao encerrar os trabalhos com o espetáculo LABIRINTO de 2003, Olga Nenevê assume definitivamente a direção da Companhia e, portanto, deixa a interpretação para melhor observar de fora como estavam se desdobrando as pesquisas. Como disse anteriormente, só cheguei a Curitiba no ano de 2004, portanto só fui vê-la como atriz no espetáculo PASSOS, em 2008, quando ela voltou a interpretar e a dividir o elenco com o marido, ator, figurinista e cenógrafo Eduardo Giacomini (que eu já estava tão acostumado a ver brilhar em cena). Eram apenas os dois, no palco do teatro Novelas Curitibanas. E eu parecia estar sozinho na platéia mesmo com todas as cadeiras ocupadas.
O espetáculo era perfeito, grande, lindo e perturbador. Olga preenchia todos os cantos daquele espaço com sua presença, talento e beleza. Uma das melhores atrizes que já vi em cena. A qualidade técnica do seu trabalho de interpretação, tão exata quanto o de direção, e o poder de emocionar a platéia era tudo o que eu ou qualquer pessoa, grande ou pequena, podia desejar. Um verdadeiro banho de teatro para qualquer artista, ator ou atriz, apaixonado pelo fazer teatral.
Adoro esses dois!



(TUÍKE - foto de Elenize Dezgeniski)


EDUARDO NO TELEFONE.
Eu recebi um telefonema. Foi em meados do segundo semestre do ano passado. Era o Eduardo me surpreendendo com um convite para assinar um figurino de um projeto da Companhia. Gelei de felicidade. Mais do que trabalhar com pessoas que admiro, ter sido surpreendido com esse convite, vindo de outro figurinista tão bom quanto o Edu, foi motivo suficiente para que eu vibrasse de alegria. Certas coisas entendem-se só com o coração. Coisa de gente do bem. De gente grande.
Paralelamente ao seu trabalho de ator, pesquisador e colaborador na Obragem, Eduardo Giacomini sempre atuou como figurinista e cenógrafo. Desenvolveu trabalhos para diversas produções e companhias de Curitiba. Já realizou lindos trabalhos.
Ao telefone, antes de me despedir, aproveitei e convidei-os para uma entrevista que resultaria neste texto que agora publico no Blog.
Nunca esquecerei.


(AMORFOU - foto de Sérgio Vieira)


AS IMAGENS, A CENA TEATRAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO REAL.
O último trabalho apresentado pela companhia no final do ano passado foi a mostra do processo criativo, desenvolvido graças ao Fundo Municipal da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba. Tal projeto de pesquisa, além da mostra do processo, promoveu ações de criação, diálogos, oficinas e o registro em livro sobre os procedimentos realizados pela Companhia.
O livro publicado registra os processos criativos da Obragem e, além de descrições da pesquisa, desenvolvida em cada espetáculo, traz relatórios e depoimentos de vários artistas envolvidos com o trabalho da Obragem. Há também o relatório dos atores Fernando de Proença, Ronie Rodrigues, Ana Reimann, Geane Saggioratto e Elenize Dezgeniski. É uma linda publicação.
A artista Monica Infante, uma das colaboradoras já no início da Companhia, lembra no seu comentário, publicado no livro, a definição do Aurélio Buarque de Holanda para o termo Obragem: ato de construir, obra, lavor, trabalho. Essa é a melhor definição para retratar a história da Companhia.
Para quem ainda não conhece, os principais estímulos de trabalho da Companhia vêem da relação com as imagens de alguns artistas plásticos, da dança contemporânea e da forma peculiar e ímpar com que se relacionam com a palavra escrita e falada. Todas essas informações são digeridas na carne, ou seja, no corpo dos artistas que formam a Obragem Teatro e Cia e estão registradas no livro As Imagens, a Cena Teatral e as Transformações do Real.


(O PONTO IMAGINÁRIO - foto de Luana Navarro)



Faça vibrar o seu corpo e deixe que os seus sentidos adivinhem os códigos elaborados pelos espetáculos da Obragem. Permita-se e depois não se esqueça de me contar.


(PASSOS - foto de Elenize Dezgeniski)



Pense alto.

Seja grande também!

Para saber mais sobre a Obragem Teatro e Cia visite: http://www.obragemteatroecia.com.br/

Vídeos com techos dos espetáculos:

http://br.youtube.com/watch?v=oAH4CP6Zeqg - http://br.youtube.com/watch?v=swKXYwOMQvU - http://br.youtube.com/watch?v=HalMmrNsX5o - http://br.youtube.com/watch?v=HNXsUytH9Vs - http://br.youtube.com/watch?v=YIcJTmFVQ9w - http://br.youtube.com/watch?v=wD2bqB-s8Mw - http://br.youtube.com/watch?v=FC9g6PesGKE - http://br.youtube.com/watch?v=FC9g6PesGKE

sábado, 3 de janeiro de 2009

CINEMA: Produção de Curitiba apresenta uma gente boa e competente ao firmar a promessa de muito sucesso e crescimento garantido para 2009.

(foto de Marco Novack)

No início do ano passado fui indicado por uma amiga atriz para integrar, na função de figurinista, uma equipe de cinema que viria a filmar o curta-metragem Eu não sei andar de bicicleta em Setembro do mesmo ano. O filme, com roteiro e direção de Diko Florentino, uma produção da Alumiar Filmes, foi a porta de entrada para conhecer uma nova geração de cineastas e demais profissionais de cinema extremamente competentes e talentosos. Depois desse primeiro trabalho vieram novos convites, novas amizades e novas oportunidades para conhecer bem de perto o talento dessa galerinha que promete muito neste ano que já inicia com inúmeros projetos encaminhados.
Entre diretores, roteiristas, técnicos e demais artistas dessa nova geração destaco o nome dos profissionais que, a partir de então, também passaram a ocupar um lugar de destaque na lista dos criadores/artistas que mais admiro pela competência, talento, profissionalismo e, claro, pela amizade sempre valiosa. Diko Florentino, Fábio Allon, Bruno Oliveira e Adriano Esturilho (velho conhecido das produções teatrais) são importantes representantes entre os diretores que já arrebataram importantes prêmios da área. Antônio Junior, Wellington Sári, Andrea Tristão, Raquel Deliberali e Marisa Merlo são também valiosas referências quando falamos nos técnicos e nos profissionais de arte que trabalharam muitíssimo em 2008 e assinaram excelentes trabalhos.
Entre os principais curtas, destaco Colorado Esporte Clube de Fábio Allon, Os dias cinzas de Bruno de Oliveira (uma produção conjunta entre a Processo e a Alumiar Filmes), Com as próprias mãos de Aly Muritiba (uma produção conjunta entre a Alumiar e a Processo Filmes), Eu não sei andar de bicicleta de Diko Florentino (produção da Alumiar que estreará no primeiro semestre de 2009), Cru de Fábio Allon e Morgue Story – O Filme, longa metragem de Paulo Biscaia Filho (uma produção da Vigor Mortis e produção associada da Processo Filmes).
Para mim, que já vinha de uma antiga e feliz experiência com o teatro, aventurar-me pela linguagem cinematográfica tem sido sempre uma importante oportunidade de conhecer e dialogar com a tão apaixonante e árdua arte das telas, seja pelo viés do figurino, da interpretação ou simplesmente da observação. Aprender com esses gigantes, competentes e generosos profissionais tem sido para mim sempre um grande e inenarrável prazer.
Anote esses nomes, ainda vamos ouvir falar sempre e muito deles.
Sorte e sucesso aos vencedores!

visite: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=3407740378047589611 (PROCESSO FILMES) e http://www.alumiarfilmes.com/ (ALUMIAR FILMES)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

"Vertigem" no MON - OS GÊMEOS


(fragmento do mural que abre a exposição Vertigem no MON)


Exposta em várias cidades do mundo, a arte dos artistas visuais brasileiros Gustavo Pandolfo e Otávio Pandolfo, conhecidos como Os Gêmeos, é uma magnífica representação da arte contemporânea na atualidade. Das ruas de São Paulo às ruas e galerias de várias cidades do mundo, a obra desses irmãos tem encantado iniciados e leigos por onde é exibida.
O conteúdo lúdico e onírico das obras, somado à explosão e à composição de cores saturadas, resulta em provocações sociais para repensar a realidade brasileira. A produção é vasta e divide-se em grafites que interferem no cotidiano urbano dos grandes centros e em exposições nas galerias mais importantes do mundo. Gigantes são pintados nos edifícios, telas são confeccionadas e inspiradas nas pessoas simples das cidades do interior. Há também as instalações que provocam os sentidos do público, assim como os objetos que compõem a estética das exibições.



(interior da exposição O Peixe que comia estrelas cadentes na galeria Fortes Vilaça em São Paulo - 2006)

(fragmento da instalação Os Músicos)


A arte dos irmãos Pandolfo é extremamente bem acabada, resultantes de um trabalho minucioso e rico em detalhes. Uma composição sensacional de cores valoriza os temas e personagens que, através da ficção, repensam os seres humanos que habitam o planeta. Interessantes criaturas amarelas, extremamente criativas, tornam-se personagens recorrentes na retrospectiva de todas as obras criadas a partir da década de 80, década onde se inicia a evolução da técnica e do processo criativo d´OS GÊMEOS.
Curitiba recebe até 1º de fevereiro, no museu Oscar Niemeyer, a exposição VERTIGEM, criada exclusivamente para o MON. A riqueza dos detalhes e temas das obras compõem, sobretudo, uma importante fonte de inspiração para os artistas contemporâneos que, como eu, sempre estão ávidos por novas imagens, discursos e provocações. A visitação é imperdível, assim como a apreciação do catálogo da exposição, pois apresenta uma verdadeira explosão de imagens e conceitos através da coletânea e do registro de várias obras desses irmãos.


(Fachada do Kelburn Castle na Escócia - 2007)



(Gigante - Volos - Grécia - 2002)

Se perder, depois não vai dizer que eu não avisei.
Abra bem seus olhos e libere seus sentidos.
Mergulhe nessa realidade inventada.
Seja feliz!


(Maiores informações pelo telefone do MON: (041) 3350-4400)


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

TEATRO EM BALANÇO

(foto divulgação)


Final de ano, época de descansar e fazer balanço da jornada que passou.

O ano de 2008 foi bastante produtivo para os profissionais de teatro em Curitiba. Os teatros foram equipados, novos espaços inaugurados e o início de um movimento de grupo promete ganhar espaço. Na pesquisa também tivemos ganhos, editais favoreceram o trabalho de grupo. Que assim continue, que o teatro cresça e ganhe espaço.

Tivemos grandes espetáculos. Grandes promessas de uma cena mais estruturada para 2009.

Acabo de concluir o curso de Bacharelado em artes cênicas da FAP - Faculdade de Artes do Paraná. Acabo de concluir uma jornada bastante vitoriosa. Fiz grandes amigos, realizei grandes trabalhos e renovei o repertório. Esse era um grande sonho que agora se completa. E então sou um ex-aluno da FAP e só tenho coisas boas pra dizer da instituição. Aproveitei demais o curso, aproveitei demais tudo o que o corpo docente podia oferecer. Existem grandes profissionais lecionando na Faculdade, professores completamente comprometidos com a educação e com a arte. Claro, os problemas existem como em qualquer outra instituição pública ou privada. No final o saldo é bastante positivo.

Nesse último final de semana, recebi em minha casa Olga Nenevê e Eduardo Giacomini, membros e fundadores da Obragem Teatro e Cia. Generosos, o casal me concedeu uma deliciosa entrevista que resultará em um texto que publicarei em breve. Sou fã incondicional da Obragem, foi a primeira companhia que me identifiquei quando cheguei em Curitiba a quatro anos atras para iniciar a FAP. Sempre fomos amigos. Agora, depois de terminar a graduação, tive o prazer de entrevistá-los formalmente. Foi uma delícia, são uns queridos e super talentosos.

É bom poder fazer o que se gosta e estar sempre perto de pessoas amigas.

É bom poder acordar todo dia e me lembrar que o teatro é a minha profissão.

E, sobretudo, é bom poder também dizer isso a vocês.

O Blog Figurino e Cena continuará no próximo ano apresentando críticas, entrevistas, opiniões e notícias.

Obrigado pelas visitas. Voltem sempre!

Paulo Vinícius.