No início do segundo semestre de 2010 recebi a missão de dirigir um espetáculo de teatro musicado com os alunos/atores formandos da Cena Hum, escola onde ministro a disciplina interpretação: Um elenco jovem, dois atores e quatro atrizes na faixa dos vinte anos. Pelo currículo da escola, no sexto e último semestre do curso de formação de atores os alunos devem passar por uma experiência onde possam cantar e dançar; este é um dos objetivos da grade curricular.
Busquei um projeto que traduzisse as expectativas daquela turma de alunos, algo em que eles realmente acreditassem e se apaixonassem de verdade. Parece que deu certo, terminaram o curso satisfeitos e felizes.
O espetáculo é uma homenagem ao cantor Cazuza e ao autor do texto Farid Lawi, grandes artistas, ambos falecidos na década de 90.
SEGREDOS DE LIQUIDIFICADOR volta em cartaz durante o Festival de Curitiba, edição 2011, com 10 apresentações e faz também uma apresentação especial com algumas cenas na Fenac do Shopping Barigui. É uma boa oportunidade para quem gosta de Cazuza. É uma ótima oportunidade para quem quiser conhecer um elenco de jovens atores, muito talentosos, alguns também cantores e que estão entrando no mercado de trabalho agora.
(foto de Luciana Ribas)
FARID LAWI
Diante desta missão fiquei pensando em mim quando tinha vinte anos e tentando lembrar quais eram as minhas expectativas artísticas. Nesta época eu cursava filosofia no campus da Unesp da cidade de Marília, interior do Estado de São Paulo. Com vinte anos minha principal influência no teatro foi a experiência que tive com Farid Lawi, autor, diretor de teatro e artista plástico da cidade de Bauru, minha cidade natal. Começamos a trabalhar juntos em 1991, quando eu ainda tinha 18 anos. Farid era um artista que atuava em várias áreas e, apesar do seu temperamento difícil, eu aprendia muito com a nossa convivência e experimentos artísticos. Uma das áreas em que ele melhor atuava era na escrita, escrevia dramaturgia e poesia. Seus textos falavam principalmente de amor, de paixões violentas e da existência. Eles marcaram profundamente o início da minha carreira profissional no teatro. Tenho cópia de várias peças dele, algumas que foram escritas exclusivamente para mim, motivo pelo qual me orgulho muito e faz aumentar a saudade deste amigo que partiu ainda muito jovem.
Farid Lawi viveu sua juventude na década de 80. Seus textos refletiam muito o pensamento daquela época, sobretudo no pensamento artístico. Ninguém melhor que ele para dar voz à história que se desenvolveria a partir das canções do Cazuza. Fui selecionando fragmentos de vários textos dele, costurando uma história na outra, aonde nós, diretor e atores, íamos descobrindo aos poucos, somando dados, construindo relações entre aquelas vozes e descobrindo quais eram os nossos personagens. Tudo falava de amor, texto, música, eu, eles, tudo.
(foto de Luciana Ribas)
CAZUZA
O cantor Cazuza marcou fortemente os anos 80 e 90. Foi um grande poeta e viveu intensamente o sexo, as paixões, as drogas e a vida. Ele cantou o amor, em prosa e em versos, através de metáforas geniais.
Nosso espetáculo nunca teve a intenção de ser uma obra biográfica, apenas tomamos a história e a atitude do poeta como inspiração para construir a nossa trama.
As letras das canções de Cazuza couberam perfeitamente como pano de fundo para a história do nosso personagem central. Elas dialogam com a encenação e emocionam a platéia quando são o foco principal da cena ou mesmo quando estão em segundo plano no espetáculo.
As escolhas foram minhas. Os arranjos e a direção musical foram de Junior Pereira, músico, cantor, sonoplasta e professor de canto dos alunos na escola. Entre vários fragmentos, algumas canções são executadas na íntegra, como por exemplo Codinome Beija Flor, um dos pontos altos do espetáculo.
(foto de Luciana Ribas)
SEGREDOS
No âmago da geração sexo, drogas e rock and roll, um acidente interrompe a carreira promissora do jovem vocalista de uma banda dos anos 80.
A história se desenrola por flashes da memória na UTI de um hospital. Mostramos uma história fragmentada pelo deslocamento de tempo, pela consciência daquele que agora se encontra no momento em que a vida nos passará como um filme na nossa mente. Um balanço final. Um encontro consigo mesmo. Uma despedida dos outros. Esta peça fala sobre a ausência, mais precisamente daquilo que deveria ser dito e não foi.
(foto de Luciana Ribas)
FICHA TÉCNICA -
Texto: Farid Lawi – Trilha sonora: Cazuza – Roteiro, direção e linguagem visual: Paulo Vinícius – Arranjos e direção musical: Junior Pereira Coreografias: Eraldo Kühl, Dayane Paixão e Clarissa Gindri - Edição de vídeo: Rodolpho Guttierrez – Fotografias: Thiago Herrero – Produção: Greice Yurie
Elenco: Angela Perini, Clarissa Gindri, Dayane Paixão, Greice Yurie, Rodolpho Guttierrez e Thiago Herrero
Musicos:Gleyson Meneguci, Junior Pereira e Rodolpho Guttierrez.
(foto de Luciana Ribas)
SERVIÇO:
Dia 24 de Março as 19h na Fenac do Shopping Barigui – Cenas editadas
Dias 30/03, 31/03, 01/04, 02/04, 03/04,06/04, 07/04, 08/04, 09/04 e 10/04 às 19h no Teatro Cena Hum – Rua Senador Xavier da Silva 166 – São Francisco – Curitiba.