quarta-feira, 29 de julho de 2009

NERVO CRANIANO ZERO: Depois da estreia no Teatro da Caixa, a Companhia Vigor Mortis apresenta no ACT uma nova temporada do espetáculo.

(fotos de Marco Novack)
NERVO CRANIANO ZERO é um desses espetáculos que, quando termina, faz com que a platéia saia inflada do teatro. É uma produção de altíssimo nível dramatúrgico, plástico e técnico. Quando vocês lerem meu nome da ficha técnica, vão dizer que minha admiração pelo espetáculo é tendenciosa uma vez que fiz a cenografia. Porém, aviso, foi uma grande honra para mim estar na equipe da Vigor Mortis e ter participado do processo de criação de NERVO CRANIANO ZERO.
Estou aqui para contar um pouco deste processo e também para divulgar a nova temporada que acontece entre os dias 06/08 e 30/08 no ACT – Atelier de Criação Teatral em Curitiba. Se você quiser realmente ver um espetáculo de qualidade, após ler este texto, não perca a oportunidade e reserve com antecedência seu ingresso para a próxima temporada. Depois disso, tenho a certeza de que vão concordar comigo e saber que eu não estou exagerando.




MINHA PRIMEIRA DIVERSÃO
A primeira vez que li o texto de NERVO CRANIANO ZERO, escrito pelo também diretor da Vigor Mortis Paulo Biscaia, foi a minha primeira grande diversão no processo. O texto é ótimo, uma bela história de ficção que se desenrola sobre dados científicos e nos apresenta personagens tão bem construídas e tão bem localizadas num tempo e lugar determinados a nos prender por todo momento dentro da trama. Pode virar livro, só basta o Paulo querer.
Na sinopse, divulgada no site da companhia, lemos; “A Dra. Barbara Bava perdeu sua licença médica após um acidente durante pesquisas com sua nova criação. O chip Melpomene. Um indutor de dopamina instalado no nervo craniano zero. O objetivo do chip era estimular a criatividade em seus pacientes: No entanto, Bava é surpreendida por uma reação inesperada do chip: seus usuários não mais tinham circulação de sangue, nem fome ou sono. Ainda assim, o chip era capaz de regular todas as funções mantendo o corpo ativo e com uma capacidade infinita de criatividade sempre que a dopamina é estimulada. Bruna Bloch é uma escritora de sucesso que, temendo não ter mais inspiração para escrever novos best sellers, contrata a Dra. Bava para continuar suas experiências e posteriormente instalar o chip em Bruna. Antes de fazer isso porém, é preciso ter certeza do funcionamento do chip em seres humanos. Bruna então publica um anúncio em jornal contratando uma cobaia para o experimento. A única a responder é Cristi Costa, uma simplória garota do interior com sonhos de ser uma grande cantora. Seus sonhos são quebrados após ser nacionalmente humilhada em um programa de calouros na TV. Não há outra saída para Cristi senão aceitar ser uma cobaia com o chip Melpomone em seu Nervo Craniano Zero. A peça marca a volta da Vigor Mortis ao estilo tradicional do Grand Guignol, mas com uma roupagem que rende homenagem a filmes de David Cronenberg e a obras de terror italianas da década de 70 e 80 como os filmes de Dario Argento e Lucio Fulci.”

SOBRE O PROCESSO E A EQUIPE
Criar a partir do texto que já estava escrito, a partir das especificações do Paulo Biscaia sobre a estética do espetáculo, poder contribuir para o desenvolvimento do processo e me adequar aos demais profissionais que compunham a equipe técnica foi um grande e afinado prazer.
Paulo Biscaia sabe muito bem o que quer e também sabe preparar sua equipe. Ele trabalha rápido. Sabe linkar uma área na outra e faz o processo andar. Apesar de toda essa habilidade em comandar, ele sabe também atribuir uma grande margem para os artistas que compõem a equipe criar. Foi assim comigo, com o iluminador Wagner Correa, com o elenco e demais artistas da equipe. Sempre me senti muito presente no processo. A Vigor Mortis é uma companhia que sabe trabalhar em equipe, todos respeitam muito o trabalho de cada profissional envolvido. A produção foi, o tempo todo, acompanhada e coordenada pela produtora Tânia Araujo, uma profissional prática, competente e, sobretudo, muito querida.
O desenvolvimento do cenário foi também acompanhado pelo iluminador Wagner Corrêa. A luz de Wagner valoriza a cenografia, pontua e desenha os diferentes momentos da trama. É também ponto determinante para a resolução plástica do espetáculo.
Os vídeos e projeções, criados e desenvolvidos pelo próprio Biscaia, continuam sendo alguns dos elementos mais brilhantes da linguagem cênica proposta pela Vigor. Como já disse certa vez aqui no blog, Paulo Biscaia faz isso melhor do que ninguém. As projeções dão um show e costuram brilhantemente as cenas. Como sempre, não estão gratuitamente no espetáculo, são também elementos de desenvolvimento da dramaturgia. Tudo muito sofisticado e preciso.
As personagens ganham forma e conteúdo através das atrizes Michelle Pucci (Bruna Bloch), Rafaela Marques (Cristi Costa) e Simone Martins (Barbara Bava). São bem construídas e estão totalmente presentes na cena. Nas projeções, outros atores contracenam com o elenco principal: Leandro Daniel Colombo, Karla Fragoso, Wagner Corrêa e Carolina Fauquemont.



NOVA TEMPORADA
Quem não conseguiu ver as apresentações no Teatro da Caixa, tem agora uma nova oportunidade. O espetáculo entra em cartaz no próximo dia 06 de Agosto no ACT. Para o novo espaço, algumas reformulações serão necessárias. Tanto o cenário quanto a luz ganharão novos cuidados porque o espetáculo dialogará de forma diferente com o novo espaço cênico. A platéia também assumirá um lugar mais próximo da cena, o que, com certeza, propiciará um novo olhar sobre o espetáculo. É também uma boa oportunidade de rever para quem já viu. No mês de Setembro, a Vigor Mortis estará no Rio de Janeiro fazendo também uma curta temporada de apresentações do espetáculo no Teatro da Caixa.
SERVIÇO: De 06 a 30 de Agosto no ACT – Atelier de Criação Teatral (Rua Paulo Graeser Sobrinho 305 - Curitiba). Quinta a sábado as 21h e domingos as 19h. Reserve seu ingresso antecipado pelo e-mail: nc0@vigormortis.com.br
Veja um trailer do espetáculo e maiores informações em: http://www.vigormortis.com.br/

FICHA TÉCNICA:
Texto e Direção:
Paulo Biscaia Filho – Diretor assistente: Leandro Daniel Colombo – Elenco: Michelle Pucci, Rafaela Marques e Simone Martins – Coordenação de produção: Tânia Araujo – Sonoplastia e fotos: Marco Novack – Cenografia: Paulo Vinícius – Iluminação: Wagner Corrêa – Figurino: Karla Fragoso e André Azevedo – Maquiagem: Marcelino de Miranda – Adereços e FX: Thiago Di Giovanni – Confecção de peruca: Sergio Carminatti – Cenotécnicos: Sergio Richter, Anderson Quinsler, Fábio Dombrosk e Gentil Paris – Costureira: Rose Matias

segunda-feira, 27 de julho de 2009

GOL A GOL: Equipe do longa metragem filmado em Curitiba lança blog para divulgar o processo de filmagens


Estamos nos últimos dias de filmagens do longa metragem Gol a Gol, uma produção da Processo Filmes em parceria com a Evolução Filmes. O longa tem roteiro de Adriano Esturilho e é inspirado no livro [Cancha 2] - Cantigas para perverter juvenis. A direção é também do Esturilho em parceria com Fábio Allon. As filmagens terminam no próximo dia 30 de julho e o filme só será finalizado no primeiro semestre de 2010.
Sou o responsável pelo figurino do filme e conto com a preciosa assistência de Andrea Tristão.
Para divulgar o todo o processo de filmagens a equipe de produção e direção criou um blog fotográfico onde, além das imagens captadas pela lente do still de Rosano Mauro, integrantes da equipe também relatam experiências, acontecimentos e alguns depoimentos sobre a produção. Vale a pena fazer uma visita ao blog e conferir principalmente as belas imagens que são postadas diariamente. O endereço do blog é: http://golagolfilme.blogspot.com/




SOBRE A TRAMA
Num futuro imaginário, PEDRO vive solitário e estafado com seu trabalho na SEGURADORA SOL[AR]IS – que vende apólices por danos ambientais. Em saltos para um passado nostálgico e para um futuro pouco promissor do ponto de vista sócio-ambiental, onde fatos históricos se misturam a fantasias, o personagem revisita memórias e desejos reprimidos de sua infância e juventude, num clima onírico marcado por simbolismos. Num tom de fábula, PEDRO acerta as contas com o passado numa partida de GOL A GOL contra si mesmo ainda criança. Atormentado, mata a VELHA TIA que vendia doces na escola e que, para sua desgraça, também é avó de CINDY - seu amor de infância - com quem não teve coragem de seguir.





FICHA TÉCNICA:

Produtora: PROCESSO FILMES e EVOLUÇÃO FILMES – Produtora associada: GRAFO AUDIVISUAL – Direção: Adriano Esturilho e Fábio Allon – Assistência de direção: Bruno de Oliveira e Diego Florentino – Produção executiva: Diego Stavitzki e Aly Mutitiba – Direção de produção: Antonio Junior e Marisa Merlo – Coordenação de produção: Andrew Knoll – Direção de arte: Guilherme Santana – Assistência de arte: Felipe Potenza e Juliana Yumi Moriya - Cenotécnico: Tio Abel – Figurinista: Paulo Vinícius – Assistência de figurino: Andrea Tristão – Maquagem e cabelos: Marcelino de Miranda – Direção de fotografia: Xanxe – Asistência de fotografia: Eli Dalsin e Andre Santana – Eletrecista: Pirola – Maquinista: Coqueiro – Assistência de elétrica: Maikon – Motorista: Rafaela – Still: Rosano Mauro – Storyboard: Mauricio Marques – Making Of: Evandro Scorsin – Técnico de son: Vadeco – Montagem: Henrique Faria – Designer: Pablito Kucarz – Elenco: Giuly Biancato, Luciana Dal Ri, Tiago Luz, Pedro Albigo, Mauro Znatta, Leandro Daniel Colombo, Thereza Postui, Andrew Knoll, Juliana Biancato, Luiz Bertazzo, entre outros.


domingo, 5 de julho de 2009

TEATRO UNIVERSITÁRIO: Espetáculo anual da FAP torna-se evento obrigatório na agenda do público curitibano.


Todo ano, no final do primeiro semestre, a FAP – Faculdade de Artes do Paraná – apresenta ao público uma montagem teatral com os alunos do quarto ano do Bacharelado em Artes Cênicas. É parte da conclusão da disciplina de interpretação, onde os alunos acompanham todo o processo de construção do espetáculo, dirigidos pelo professor de interpretação. Pelo segundo ano consecutivo o professor responsável é o ator e diretor teatral Marcio Mattana. No ano passado Marcio montou com os alunos Recreio Pingue- Pongue, um espetáculo sobre a obra de Oswald de Andrade.
Por um lado, isoladamente do histórico de montagens da Faculdade, Elizaveta Bam vale a pena porque é uma aventura teatral de qualidade, onde a platéia insere-se e acomoda-se livremente por todo o espaço cênico ocupado pelo espetáculo. De outro lado, analisando os trabalhos dos anos anteriores na Faculdade, descobrimos que a montagem do quarto ano, dirigida pelo professor de interpretação, tem se tornado um evento obrigatório para o público realmente interessado por teatro em Curitiba. Quem ainda não viu está perdendo muito.

ELIZAVETA BAM
Principal obra dramática de Daniil Charms e do Grupo Oberiu, foi escrita em 1927. Tida hoje como precursora do teatro do absurdo e da obra de Eugene Ionesco, a peça gira em torno de uma mulher, Elizaveta, acusada de ter assassinado o homem que está vindo prendê-la. Para tanto, lança mão de uma estrutura inusitada: cada uma das dezenove cenas se desenvolve em um gênero dramático distinto. Daniil Charms (Daniil Ivanovich Yuvachov), poeta, contista e dramaturgo russo, foi o nome central do Grupo Oberiu, movimento de vanguarda artística da antiga União soviética. Perseguido ferozmente pelo regime stalinista, morreu de fome em uma prisão, em 1942. Sua obra foi salva do regime por amigos e veio a ser conhecida apenas nos anos sessenta.

O ESPETÁCULO
Reunir um elenco de 22 alunos/atores com desejos e repertórios diferentes, inseri-los no processo de criação e administrar a produção artística deste espetáculo, não é uma missão muito simples. Marcio Mattana faz isso melhor do que ninguém. Muito sensível e criativo, o diretor paranaense não mede esforços quando está à frente de um processo tão dispendioso quanto este.
A encenação, muito diferente da apresenta no ano anterior, ocupa todos os lugares do teatro/barracão Cleon Jaques em Curitiba. Tudo vira espaço cênico ou moldura para as cenas. Os atores interpretam, cantam e dançam durante a sequência de cenas surpreendendo a platéia de até 60 pessoas que, ao mesmo tempo em que caminham livremente pelo espaço, tentam descobrir qual o melhor ângulo para se posicionarem diante das cenas.
Para alguém como eu, que já acompanhou um processo de criação e montagem do professor Marcio Mattana, sabe que competência, criatividade e comprometimento com a educação são ingredientes básicos na receita infalível do diretor. Antes de escolher o projeto, ele sempre dedica-se ao conhecimento da turma que irá trabalhar. Márcio, ao lado de outros grandes nomes do elenco de professores da FAP, é um dos principais responsáveis pelo crescimento qualitativo do teatro universitário curitibano e da produção Fapiana.
Parabéns a Faculdade de Artes do Paraná. Parabéns ao querido Marcio e a todos os alunos envolvidos em Elizaveta Bam.
Para quem ainda não viu, o espetáculo terá mais duas apresentações nos dias 08/07 (quarta) e 09/07 (quinta) no teatro Cleon Jaques – Parque São Lourenço em Curitiba. As sessões são sempre as 21:00h. Entrada franca para a lotação máxima de 60 pessoas.