quarta-feira, 21 de julho de 2010

CLARICE E O TEATRO

Neste primeiro semestre de 2010 pude exercer duas funções extremamente prazerosas: lecionar teatro e continuar minha pesquisa sobre a escritora Clarice Lispector. Fui responsável por duas turmas do curso de formação de atores da Academia de Artes Cênicas Cena Hum de Curitiba. Com ambas, mergulhei novamente no universo clariceano. Como resultado dos processos, constatei que o prazer em juntar Clarice o teatro não foi só meu, mas também dos alunos. Nas próximas linhas segue um pequeno relato dos dois espetáculos. As fotos são de Caco Ishizaka.
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FELICIDADE CLANDESTINA

Um elogio à narradora do invisível. São três histórias, três contos de Clarice Lispector que se entrelaçam no instante em que suspendemos a respiração e engolimos a seco. De tantos contos escritos por Clarice, escolhemos Macacos, Uma galinha e Felicidade Clandestina, texto que deu nome ao nosso espetáculo. O foco deste trabalho foi para o lado família da Clarice, nos debruçamos sobre textos que resgatavam a vida cotidiana da escritora, ficcionalisados através da literatura.
Como pesquisa de linguagem, mergulhamos no trabalho do ator narrador para tentar descobrir em que momento a palavra escrita, célula da literatura, poderia se tornar teatro na boca dos atores. Entendemos também que a célula do teatro, por sua vez, é a cena e que a cena só poderia se concretizar através do corpo do ator. Então, o que mostramos foi a soma de tudo isso.
Ficamos felizes. E por ser Clarice, parece que já pressentíamos que a felicidade também nos seria clandestina.


Ficha técnica:

Roteiro e direção: Paulo Vinícius
Elenco: Ângela Perini, Clarissa Gindri, Dayane Paixão, Greice Yurie, Mariana Kauchakje, Rodolpho Guttierez, Thabata Oliveira e Thiago Herrero.
Coreografia: Dayane Paixão
Programação visual: Edson Godinho
Operação de som: Giselle Benvenuti
Operação de Luz: Paulo Vinícius
Participação especial: Trecho do conto O ovo e a galinha narrado em off pela atriz Simone Hidalgo.
Produção: Mariana Kauchakje
Realização: Cena Hum - Academia de Artes Cênicas
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CASA
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A Casa como Metáfora do Corpo: Morada do Ser, do Pensamento que questiona a Vida e se prepara para a Morte. O Corpo-Casa que se relaciona com o Mundo e com o Outro. Sobre a Existência. Uma personagem criada a partir da vida e da obra de Clarice Lispector. Foi com um enorme prazer que nós, professor e alunos, mergulhamos no universo clariceano e que, modificados e comprometidos, retornamos ao teto de uma Casa cujo telhado misterioso ainda poderá ser explorado. Com os olhos bem abertos e o coração inquieto, áspero e pulsante. Neste trabalho, o foco foi para uma Clarice estrangeira no mundo, que quase não suportava permanecer dentro do próprio corpo, para isso, nos apoiamos nos livros Água Viva, Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres, A hora da Estrela e A via Crucis do corpo. De todos os lugares que percorremos, nos sobrou a enorme certeza: nunca mais seremos os mesmos!


Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Linguagem visual : Paulo Vinícius
Elenco: Emanoelli Carvalho, Érica Colognesi, Evelise Miranda, Giselle Benvenuti, Guilherme Sanches, Mateus Dal Ponti, Michelle Rodrigues e Ricardo Elias.
Fotos: Caco Ishizaka
Maquiagem: Luis Lopes
Coreografias: Michelle Rodrigues
Direção para canto e baixo acústico: Junior Pereira
Operação de projeções: Luiz Brambila
Operação de som: Manoelle Maciel
Operação de luz: Paulo Vinícius
Produção: Michelle Rodrigues e Giselle Benvenuti
Realização: Cena Hum - Academia de Artes Cênicas

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