segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Elogio à Narradora do Invisível

(foro divulgação)


Ela narra o invisível.
Clarice narra a alma desnudada através de palavras que ninguém melhor conseguiu descrevê-la.
Já li tudo. Estou relendo. Sei que ainda vou reler muitas vezes.
Em certa entrevista, Caio Fernando Abreu disse que se proibiu de ler Clarice, mas pegava-se lendo escondido dele mesmo. É vicio difícil de largar. Emoção que jorra até o pranto, lágrimas de água viva.
O teatro já se apropriou muitas vezes dos seus contos, romances e cartas. Eu mesmo, já bebi dessa fonte em algumas experiências, Olha para mim e me ama, em 2004, por exemplo. A obra de Clarice Lispector tem um profundo conteúdo dramático, pois traz personagens com alto teor psicológico, capaz de encantar qualquer platéia. O discurso quase sempre não é linear. Ela escrevia de forma bastante singular. Sua literatura já virou também filme. O curioso é que ainda não consegui ver A hora da estrela de Suzana Amaral. Falta grave.
Há, entre todos os escritos de Clarice, obras que nem ela entendia direito. O conto O ovo e a galinha sempre foi um mistério para si. Filosofia pura. Água viva, também é considerada uma obra hermética pelo conteúdo existencial descrito pela personagem narradora.
O teatro contemporâneo, por ser também reflexo do pensamento existencialista, é um constante veículo de divulgação dos escritos de Clarice Lispector. Já vi inúmeros espetáculos que partiram das suas obras. Alguns valeram muito á pena, outros valeram apenas como homenagem, como promessa, pois faltava muito para chegar ao nível da literatura clariceana. De qualquer forma, é sempre bom saber que atores, diretores e público se interessam cada vez mais por Clarice.
Sou fã incondicional. Já pensei em adotar o Lispector como sobrenome artístico em homenagem, tietagem pura. Outro dia, recebi uma postagem de comentário no Blog de outra fã que ousou o que eu já quis: adotar o sobrenome. Um fã tem sempre o desejo de querer trazer para si algo do seu ídolo. Um dia vou adesivar a imagem da Clarice numa parede inteira do meu apartamento. Depois convido a Dani para um café. Suspiraremos juntos.
Hoje resolvi escrever sobre ela porque acabei de concluir um trabalho e já estou iniciando outro. Como Clarice, para mim o período entre um trabalho e outro é como morte. O renascimento só acontece ao iniciar uma nova obra. Entre um e outro, descansei apenas um dia. Foi o suficiente para querer novamente viver.
Este texto vale também como elogio. Elogio à Clarice, à vida e ao invisível – espaço que existe entre a morte e o renascimento, entre o fim e o recomeço. Ao invisível que existe entre o que escrevo e o que você lê.
Só nós sabemos.

“Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.” (Esboço para um possível retrato)


“Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo. Eu só trabalho com achados e perdidos.” (Água Viva)


“E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável. Eu compreendo melhor a morte.” (Um sopro de vida)

Para saber mais sobre Clarice Lispector: http://www.claricelispector.com.br/

Um comentário:

Kim Bastos disse...

Paulo Vinícius Lispector, hehehe... só você mesmo!!!!
Valeu!