sábado, 28 de março de 2009

MEDIDA POR MEDIDA

(foto divulgação)

Dessa vez, meu tiro no escuro no Festival de Curitiba quase acertou na mosca.
O espetáculo é uma transposição da obra homônima de Willian Shakespeare, com tradução de Barbara Heliodora. Vale bastante como entretenimento. Nenhuma interpretação extraordinária, porém o elenco todo estava bem e afinado. A melhor proposta é a plasticidade do espetáculo.
A encenação atualiza o texto de Shakespeare trazendo elementos da cultura gay para o palco. Referências aos Gogo Boys, as Drag Queens estão presentes no figurino. O visual underground das boates GLS pontuava o cenário e a luz. A trilha era basicamente composta por hits de Madonna, Cyndi Lauper e outros “Drags hits”.
O figurino, apesar de trazer sempre a impressão do déjà vu, era bacana. A textura era a sua principal característica. Uma mistura de materiais, formas e sobreposições marcavam as confecções.
A platéia, ao final do espetáculo, passava a impressão de que voltaria para a casa bastante satisfeita. Eu também gostei. Não foi um êxtase, mas valeu.
Não acertei na mosca, porém cheguei perto.

FICHA TÉCNICA
Texto: Willian Shakespeare – Tradução: Bárbara Heliodora – Direção: Gilberto Gawronski – Direção de produção: Wagner Uchoa – Direção de Movimento: Renata Versiane e Jaime Bernardes – Supervisão de Direção de movimento: Deborah Colker – Maquiagem e programação visual: Fabrizo Sá – Diretor assistente: Fernando Philbert – Cenografia: Maria Sarmento e Beanka Mariz – Figurino: Antonio Medeiros e Cão Albuquerque – Iliminação: Paulo Cesar Medeiros – Trilha sonora: Estúdio Arpx – Assesoria de imprensa: Meise Halabi – Produção executiva: Luana Cabral – Fotos: Paulo Severo – Direção de Palco: Marcos Lesquezes – Animação gráfica: Rico e Renatovilarouca - Elenco: Luis Salem, Sergio maciel, Ricardo Blat, Nildo Parente, Alcemar Vieira, Murilo Fontes, Celso André, Rodolfo Bottino, Catsu Carvalho, Gustavo Wabner, Rafael Leal, Gilberto Gawronski e Wallace Lima.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O ERRO DO ANO

(programação visual do espetáculo - divulgação)

Vou contar rapidinho porque quero esquecer que essa noite existiu. Viajei até o Teatro Positivo que fica lá do outro lado do mundo. Esperei os 20 minutos básicos de atraso, já comuns no Festival. Depois consegui suportar uma hora daquilo que chamavam de Maria Stuart. Era tortura. Errei feio. Antes de mim, muitas pessoas saíram e garanto que muitas outras também não conseguiram esperar pelo fim. Não dava. Não sei e nem quero saber como terminou aquele castigo. Preciso esquecê-lo.
Nada e nem ninguém se salvava, juro. Nem a fofa da Julia Lemmertz. Não espere adjetivos e nem considerações razoáveis porque aquela tortura não merece. O “espetáculo” é chato e insuportável. Ponto final. Quem não viu, acredite em mim, eu não mentiria para vocês.
No texto um português arcaico duro de engolir e de ouvir. Interpretações mais do que mornas. Algumas funções da ficha técnica, como preparação corporal e técnica de Alexander, são inexplicáveis no espetáculo. O figurinista Marcelo Pies está perdoado, mas só ele. Mais ninguém.
Todo mundo tem o direito de enlouquecer de raiva um dia. Hoje é a minha vez. Ufa!
Eu merecia ser indenizado.


FICHA TÉCNICA
Texto: Fredrich Shiller – Tradução: Manuel Bandeira – Direção: Antonio Gilberto – Elenco: Julia Lemmertz, Clarice Niskier, André Correa, Henrique Pagnoncelli, Mário Borges, Pedro Osório, Clemente Viscaino, Renato Linhares, Maurício Souza Lima, Thiago hausen, Silvio Kavinsk, Ednei Giovenazzi, Amélia Bittencourt, Maurício Silveira, Guilherme Bernary – Direção de arte e cenografia: Hélio Eichbauer – Figurino: Marcelo Pies – Criação de Jóias: Antonio Bernardo – Iluminação: Tomaz Ribas de Faria – Preparação vocal: Rose Gonçalves – Técnica de Alexander: Valéria Campos – Programação visual: Maurício Grecco – Direção de produção: Celso Lemos.


quarta-feira, 25 de março de 2009

O DOMÍNIO DAS PALAVRAS

(Elias Andreato - foto divulgação)
Hoje vi Doido, espetáculo de Elias Andreato. No cenário quase nada. Uma mesa e uma cadeira. Tinha também alguns adereços, quase nada. Poucos recursos de luz, uma música que abria o espetáculo e outra que fechava. Quase nada de recursos e quase tudo de ator. Palavras. Muitas palavras. Tantas que só quem sabe muito usá-las pode se atrever. Como imagem, a única sacada é o figurino, onde a camisa do ator, no decorrer do espetáculo, vai se transformando em camisa de força.
É bom ver um ator maduro dando aula de como trabalhar com esse abismo que separa o que é dito daquilo que é ouvido. Isso não é para qualquer um não. Elias Andreato fez das palavras de Doido uma música para os nossos ouvidos. Entre variações rítmicas e pronuncias geograficamente determinadas no tempo ele emociona a platéia. Fala de loucura, de amor, de vida e de arte. Na dramaturgia, costurada por ele, fragmentos de Adélia Prado, Vinícius de Moraes, Shakespeare, filósofos e outros escritores que vamos descobrindo na duração do texto. As autorias não são reveladas, vale o repertório de cada um. Uma plagio comunicação assumida.
A satisfação do ator é nítida no palco, ele saboreia cada frase dita. Um projeto autoral que agrada o publico. Nada de extraordinário, apenas paixão e técnica de quem ama o ofício que escolheu.
Vejo um monólogo como o momento da carreira de um ator onde ele acredita que está maduro o suficiente para dominar o espetáculo. Nem sempre a convicção do ator é acolhida e coroada pelo publico. Nesse caso foi. Um diálogo bem sucedido entre conteúdo e forma num espetáculo onde a principal relação se dá através do texto e da arte de interpretar.
Infelizmente nem todo mundo está disposto a ver e ouvir.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e direção: Elias Andreato – Programação visual: Elifas Andreato – Luz: Wagner Freire – Cenário: Rossi – Elenco: Elias Andreato

domingo, 22 de março de 2009

MOVIMENTO TEATRO DE GRUPO DE CURITIBA

O Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba é um coletivo formado por treze grupos de teatro de reconhecida atuação, com foco na pesquisa de linguagem continuada, reunidos desde o segundo semestre de 2006. O Movimento propõe a instituição e a discussão de políticas públicas contínuas voltadas para a cultura que sejam coerentes com os processos de desenvolvimento e aprofundamentos técnicos e estéticos, bem como a criação e a manutenção de mecanismos públicos que assegurem a existência da pesquisa de linguagem artística, de forma a promover a importância da identidade e da diversidade cultural e a garantir o acesso da sociedade aos resultados daí decorrentes.
No Festival, o Movimento de Grupo montou um espaço no Memorial de Curitiba para divulgar os trabalhos e compartilhar idéias. Há venda de camisetas e livros, apresentação de vídeos das companhias e distribuição da primeira edição do jornal do Movimento.

sexta-feira, 20 de março de 2009

INVEJA DOS ANJOS


(cena do espetáculo Inveja dos anjos - foto divulgação)

Melhor do que uma boa história é quando ela é bem contada. Melhor ainda quando isso acontece no teatro e através de cenas desenhadas no espaço. Paulo de Moraes é um dos encenadores que ainda sabem fazer do texto dramático um bom motivo para que o teatro exista.
Se você leitor me perguntar o que o teatro dramático ainda quer nesses tempos de crise da palavra e de questionamento da personagem, posso lhe indicar um espetáculo encenado por Paulo de Moraes. Ele pode nos contar que esse teatro ainda pode querer muito. Ele ainda pode, através das articulações dos signos do espetáculo, emocionar e provocar o questionamento da vida através da arte da interpretação.
Além da direção, Paulo assina com Maurício Arruda a dramaturgia e o cenário em parceria com Carla Berri. Ele também acerta ao somar, na estética de Inveja dos anjos, a composição perfeita entre cores e formas do figurino criado pela Rita Murtinho. A plasticidade do espetáculo pulsa sob a luz de Maneco Quinderé que faz valorizar o movimento dos atores que estão totalmente inseridos na cena. O elenco se responsabiliza pelo restante, ou seja, pelo jogo, pelo tudo que caracteriza o teatro: a cena.
A Armazém Companhia de Teatro ocupa um lugar confortável no teatro contemporâneo: não reinventa a roda, mas torna-se o combustível incessante que a faz girar, sem falsear, sobre os atritos desse solo conflituoso.
Sobre a boa história nada vou falar, você ainda tem duas oportunidades de encontrá-la no Festival de Curitiba. Acredito que não vai se arrepender.

FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo de Moraes – Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes – Elenco: Marcelo Guerra, Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Simone Mazzer, Simone Vianna, Thales Coutinho e Verônica Rocha – Iluminação: Maneco Quinderé – Figurinos: Rita Murtinho – Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri – Trilha sonora (composição e pesquisa): Ricco Viana – Projeto gráfico: Alexandre de Castro – Fotografias: Guga Melgar – Produção Executiva: Flávia Menezes.



quinta-feira, 19 de março de 2009

CALÍGULA PECA PRINCIPALMENTE PELO EXAGERO

(cena de Calígula, dirigido por Gabriel Villela - foto divulgação)

Antes mesmo da Nena Inoue apostar em Calígula aqui no Blog, eu já tinha comprado meu ingresso pelos mesmos motivos que os dela.
Sempre fui fã do Gabriel Villela e do cenógrafo J.C. Serroni. Também já imaginava que o ator Thiago Lacerda estaria bem no protagonista. De fato, no teatro ele esteve muito melhor do que qualquer personagem que interpretou na TV. Apesar de não ter gostado, não dá para dizer que o espetáculo não é bom, todo o elenco é composto por ótimos atores, a direção e toda a produção são mais do que corretas.
O cenário grandioso só poderia ser exibido mesmo no Guairão. Toda a eloquencia do personagem título e toda a grandiosidade do texto de Albert Camus só poderiam também serem apresentados num grande teatro que comportasse tamanha imensidão. Porém, a montagem contemporânea de Villela para o texto clássico de Camus peca principalmente pelo exagero de todos os componentes da encenação.
Há tentativas de se fazer com que o jogo cênico dialogue com o cenário, porém a principal característica deste último é apenas a decoração. A atualização do figurino muitas vezes não se encaixava na densidade das palavras nas quase duas horas de apresentação. Calígula é excessivamente verborrágico. Como diria um querido amigo, "que preguiça!". Algumas pessoas não suportaram e deixaram o teatro antes do final do espetáculo. A encenação também propõe algumas metáforas com os objetos de cena e as mudanças de atos, nada de revelador e genial, apenas articulações mais do que vistas em pleno século XXI.
Não sei se a Nena já viu o espetáculo e o que ela achou, ainda não nos encontramos, a análise que estou postando aqui é fruto do meu próprio olhar e da minha singular especulação. Quem sabe ela leia esta postagem e também resolva comentar. Tenho certeza que algumas pessoas saíram satisfeitas de lá.
Fica então a promessa para um próximo espetáculo do talentoso encenador Gabriel Villela que, como muitos outros espetáculos anteriores, sempre me encantou muitíssimo.
Nada e nem ninguém é tão perfeito que consiga sempre agradar.
Algumas vezes até os grandes mestres deixam a desejar.
FICHA TÉCNICA:
Autor: Albert Camus - Tradução: Dib Carneiro Neto - Direção: Gabriel Villela - Elenco: Thiago Lacerda, Pascoal da Conceição, Magali Biff, Rodrigo Fregman, Pedro henrique Moutinho, Jorge Emil e Ando Camargo - Cenário: JC Serroni - Figurino: Gabriel Villela - Sonoplastia: Cacá Toledo e Daniel Maia

quarta-feira, 18 de março de 2009

APOTEOSE A CÉU ABERTO


(espetáculo O amargo santo da purificação - foto divulgação)

O barulhento trânsito do meio dia, nos arredores da Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, não foi suficiente para atrapalhar a apresentação do espetáculo O amargo santo da purificação encenado pela Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz de Porto Alegre. Na platéia, várias pessoas de teatro e outros contemplados. Um espetáculo no sentido amplo e grandioso do termo. No calendário, 18 de Março, primeiro dia de apresentações do Festival de Curitiba, porém a vinda a Curitiba nada tem a ver com a programação do Festival, eles vieram pela Caixa Cultural e a produção local é da Nena Inoue.
A trupe, ou tribo se preferirem, veio para, além da apresentação, realizar uma oficina e um bate papo para os interessados. Não pude me inscrever, estava comprometido com a agenda, tive que me contentar com o espetáculo. O contentamento foi por completo. Gosto de ver o teatro sendo levado às ruas, a céu aberto, com toda a sua possibilidade de encantamento e suspensão da realidade pela arte. O amargo Santo da Purificação é como jogo de futebol realizado em grande estádio, faz nosso corpo vibrar mais forte.
Entre danças, canções e cenas aquilo que vi parecia um ritual em determinados momentos. Em outros, parecia carnaval. Glauber Rocha. Guerra. Parecia confusão. De um lado, a simplicidade do teatro popular feito pelos artistas de rua. De outro, toda a sofisticação de uma grande produção que marca os 30 anos de existência e pesquisa daqueles atuadores.
O espetáculo conta a trajetória marcante do revolucionário brasileiro Carlos Marighella através de alegorias, adereços e figurinos bem executados e de forte impacto visual. Uma grande e impressionante parafernália, difícil de se transportar, dialogava com a performance de um elenco formado por 25 artistas bem afinados e treinados. A principal função do espetáculo é social, uma obra a serviço da arte e da política e inteiramente disponível ao publico, na rua, de graça e ao meio dia.
Para mim, todos os amigos da classe artística e demais publico presente, a semana começou muito bem.
Quem não foi perdeu.
Espero que tenha uma próxima.
Valeu!

(foto divulgação)

FICHA TÉCNICA
Encenação coletiva da Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz
Dramaturgia criada coletivamente a partir dos Poemas de Carlos Matighella
Roteiros, sonoplastia, figurinos, máscaras, adereços e elementos cenográficos – criação coletiva.
Músicas: Johann Alex de Souza
Atuadores:
Paulo Flores, Tânia Farias, Pedro Kinast de Camillis, Clélio Cardoso, Luana Fernandes, Marta Haas, Edgar Alves, Roberto Corbo, Sandra Steil, Paula Carvalho, Judit Herera, Eugênio Barboza, Roberta Fernandes, Lucio Hallal, Paula Lages, Déia Alencar, Danielle Rosa, Alex Pantera, Karina Sieben, Jorge Gil, Luciana Tondo, Carlo Bregolini, Renan Leandro, Alessandro Müller e Jeferson Cabral.
Locução AI-5 e Descrição Clima Cena da Morte: Nilson Asp
Voz das Lições de Tortura: Giovana Carvalho
Criação da Cabeça de Getúlio Vargas: Alessandro Muller
Criação e Execução dos Triciclos: Carlos Ergo (Ergocentro)
Criação e Execução do Estandarte “Depor Podre Poder” e colares Iansã: Margarida Rache
Confecção de Figurinos: Heloísa Cônsul
Execução de Crochê das Cabeças Marighella: Maria das Dores Pedroso
Preparação dos Atores:
Capoeira: Ed Lannes (Grupo Zimba)
Berimbau: Nelsinho (Grupo Zimba)
Saxofone: Zé do Trumpete
Dança Afro: Taila dos Santos Souza (Odomodê)

quarta-feira, 11 de março de 2009

APOSTAS: Diretoras de Curitiba também indicam seus espetáculos escolhidos.

As próximas apostas são de três mulheres que sabem muito bem o que querem. Competentes e talentosas, as diretoras SuelI Araujo (Cia Senhas de Teatro), Olga Nenevê (Obragem Teatro e Cia) e Nena Inoue (ACT - Atelier de Criação Teatral) também aceitaram o convite para participar das indicações do Blog Figurino e Cena para o Festival de Curitiba. Uma honra para mim e também para os leitores. Anotem aí:




SUELI ARAUJO
Minha aposta são os espetáculos do Projeto Auto Peças que a Cia dos Atores traz este ano para o Festival. É um grupo muito importante no cenário teatral contemporâneo e suas produções são sempre instigantes para o público. Outro fator que merecer ser considerador é que atores são muito legais e a irreverência é uma marca do grupo neste 20 anos de trejetória. Eles vão estar no Paiol, que é um espaço cuja arquitetura é um espetáculo a parte , com 4 trabalhos diferentes e um documentário. Acho que sempre vale a pena dar uma olhada no que a Cia dos Atores está produzindo.


OLGA NENEVÊ

Tô acreditando que a peça do grupo Armazém, " Inveja dos Anjos", é uma grande opção para a Mostra Oficial do Festival. Trabalho de grupo, com dramaturgia original e elenco afinado. A particularidade da interpretação de Patrícia Selonk sempre vale a pena.Da Mostra Fringe, para quem ainda não viu, vale conferir "Delicadas Embalagens", da CiaSenhas de Teatro. É isso.


NENA INOUE
Aposto na Companhia dos Atores. Pq? Porque é a Companhia dos Atores e isso em si já é apostar nas evidências.
Trata-se de um dos mais importantes grupos de teatro do País que tem em sua trajetória de trabalho, seu melhor avalista. O último espetáculo deles que vi (A Gaivota) era uma obra prima. Linda, contundente, provocativa, intensa, corajosa...
Acredito que a proposta de 4 montagen que vem aí, com distintos diretores, autores e caminhos, terá em qq uma das peças apresentadas, todos os adjetivos que elenquei .
Ps: e se tudo isso não bastar, considerar que ver uma peça no Paiol é bom pra equilibrar com o Guairão e o Positivo.

Calígula
Calígula tem direção do Gabriel Vilela, só isso já é um bom motivo para destacar esta montagem nesse mar de espetáculos. Além de que ver Magali Biff e Jorge Emil em cena é sempre um prazer. E ainda Pascoal da Conceição e mesmo o Thiago Lacerda que, dizem as boas línguas, mandou bem de Calígula. E o texto do Camus, claro, autor de “A Peste” e “O Estrangeiro”.

segunda-feira, 9 de março de 2009

AS APOSTAS DOS DIRETORES

As apostas da vez são dos diretores Márcio Mattana e Paulo Biscaia, amigos queridos, que apesar do tempo corrido e das inúmeras ocupações com suas carreiras não deixaram de enviar suas indicações para os leitores de Figurino e Cena.
Fiquem antenados, ainda nesta semana postarei novas indicações, vamos para as apostas:
MÁRCIO MATTANA
A programação da Mostra Oficial do FTC deste ano não me anima muito, na verdade. Embora tenha grande admiração por grupos como a Cia. dos Atores e encenadores como Cibele Forjaz, as propostas deste ano não me tocam de modo especial. O que me causa mais interesse é “Rock’N’Roll”, de Tom Stoppard. E é um interesse pelo texto, muito mais que pela encenação. De Stoppard, conheço o “Hamlet de 15 Minutos” e “Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos”, que li em 1992, em traduções datilografadas e não editadas em livro. Quem conhece este autor apenas pelos roteiros de cinema ‘não sabe da missa a metade’. É no teatro que ele alcança sua maior estatura. Assim, em 2009, vou ao FTC para ouvir o novo texto de Stoppard. É uma opção conservadora – ir ao teatro para ouvir o texto – mas é o que o coração manda fazer.
Quanto a propostas de encenação, prefiro ouvir os amigos e garimpar as novidades do FRINGE.


PAULO BISCAIA

Sempre que me perguntam por indicações para espetáculos no Festival de Curitiba, eu me sinto constrangido, pois até posso apontar trabalhos de grupos sérios e talentosos. O problema é que, salvo raríssimas exceções, eu não vi ainda o espetáculo, então não posso falar muito de nada. Para piorar a situação nestes casos de “dica”, é que existe ainda o gosto pessoal. O que eu gosto (e como todo mundo, eu tenho um gosto específico) pode não ser o que a pessoa que pede a dica gosta.
Tendo escrito este prefácio de escusas prévias, escrevo abaixo os nomes dos ingressos que comprei e o porquê.
“Sin Sangre”. O grupo do Chile parece ter um trabalho bacana de integração de mídias. Os atores contracenam com um filme o tempo todo. Ou seja, é um super trabalho de pesquisa pra mim.
“Rock’n’roll”. Pelo texto de Tom Stoppard.
“Memória afetiva…” . O trabalho do Ivan Sugahara está indicado ao Prêmio Shell. Conheci os Dezequilibrados na ocasião de sua formação. Eles fizeram um espetáculo granguignolesque na época, mas sei que mudaram bastante deste então. Esta montagem também traz integração de mídias e tem uma proposta ousada.
“A Inveja dos Anjos”. O trabalho da Cia Armazem dispensa apresentações e justificativas. Paulo de Moraes vem apresentando uma qualidade crescente a cada nova produção. Sou fã também do trabalho da Patrícia Selonk. Nunca vou esquecer quando eu a vi em “A Ratoeira É o Gato”
“Autopeças - Talvez”. O mesmo que escrevo acima, vale para a Cia dos Atores. A dedicação artística deles é exemplar. Tente ver também “Bate Man”, que está dentro do mesmo ciclo e traz a direção de Gerald Thomas.
“Play Chance”. No Fringe. Gosto muito do trabalho da minha talentosíssima ex-aluna Luci Ortega e não pude ver esta peça no ano passado quando era sua prova pública. De qualquer forma, é altamente recomendável pelo que conheço de suas montagens anteriores.
Pretendo ver mais algumas coisas, mas tem que ver como conseguirei equilibrar cronograma/verba.
A melhor dica que eu posso dar em todo o festival é : informe-se. O boca-a-boca que ocorre durante o evento é a melhor garantia que existe. Só tomara que você consiga ingresso.
Pra terminar, gostaria de convidar para dar um pulo no memorial e conhecer o stand do Movimento do Teatro de Grupo. Será lançado um jornal de atividades dos grupos envolvidos, haverá camisetas à venda, uma prévia das montagens que estão pode vir e um DVD com imagens de produções passadas dos grupos. Bom festival a todos.

domingo, 1 de março de 2009

TRÊS APOSTAS PARA O FESTIVAL DE CURITIBA

Conforme prometido, postarei nessa primeira quinzena de Março, mês do Festival, algumas indicações feitas por profissionais do teatro em Curitiba. São apostas que valem como indicações para os leitores, que diante de tantos espetáculos colocados em cartaz na maior mostra nacional, confundem-se na hora de fazer suas escolhas. Nesta primeira postagem, convidei três dos melhores atores e profissionais que estão atuando na cena curitibana. Os eleitos foram os atores Leandro Daniel da Companhia Vigor Mortis, Fernando de Proença da Obragem Teatro e Cia e Luíz Bertazzo da Cia Senhas de Teatro. Três excelentes atores que trabalham com pesquisas sérias, diferentes entre sí e ambos com notável reconhecimento de público e crítica. Vamos então para as apostas:


LEANDRO DANIEL COLOMBO

“ROCK’N’ROLL, mais recente peça de Tom Stoppard, inédita no Brasil, trazendo no elenco Otavio Augusto, Thiago Fragoso, Gisele Froes e Bianca Comparato.
Sem dúvida umas das montagens que mais despertam a curiosidade dos amantes de teatro é a estréia de Rock’N’Roll nos dias 28 e 29 de Março fechando o Festival de Teatro de Curitiba. Ainda inédito no Brasil, o texto mais recente de Tom Stoppard recebeu indicações aos Prêmios Olivier (2007) e Tony (2008). Stoppard talvez seja hoje o mais festejado nome vivo da dramaturgia contemporânea.
Dê acordo com o release do espetáculo “A peça não é um musical, mas se vale do rock’n’roll como ferramenta indispensável para contar uma história sobre a desestruturação do comunismo no leste europeu. " Concebida pelo próprio Stoppard, a trilha desfila clássicos de Rolling Stones, Velvet Underground, Beatles, John Lennon, Bob Dylan, Syd Barrett, Doors, Pink Floyd, Beach Boys, Guns’n’Roses, Grateful Dead, U2, além da banda The Plastic People of the Universe, grupo de rock que surgiu em Praga em 1968, e acabou se tornando um símbolo da resistência ao regime comunista.”
Os ingredientes da receita são especiarias. A curiosidade agora fica por conta criatividade dos Chefs/Diretores Felipe Vidal e Tato Consorti. Vamos conferir!


FERNANDO DE PROENÇA

Aposto minhas fichas em RAINHAS, sem dúvida.
Pela união de Georgette Fadel, Isabel Teixeira e Cibele Forjaz, sobretudo. Porque me interesso pelos procedimentos usados para a construção do trabalho,dentre eles, idéias de performance e instalação. Porque são atrizes que tem um trabalho autoral sólido e porque a criação da dramaturgia é assinada pelas três artistas. Tô muito curioso! O trabalho tem como pano de fundo a disputa de poder na Inglaterra do século 16. As atrizes interpretam as rainhas Eliza­beth 1ª e Mary Stuart, em um jogo cênico dividido em quatro "rounds" -com um desfecho escolhido pelo público.



LUIZ BERTAZZO
Escolher um espetáculo do festival de Curitiba para indicar, esse foi o convite feito pelo meu amigo Paulo Vinicius. Missão difícil, não só pelo fato de estar diante de uma centena de peças, mas também por saber que o FC (que não é mais de teatro) e principalmente a mostra paralela é um caixinha de surpresa (o que ficou mais critico, pelo fato do festival ter erroneamente colocado os nomes de batismo na ficha técnica, dentre outros erros primários, o que é uma falta de respeito para um festival ‘pago’ que se diz o maior do Brasil)... E ainda aquele assunto que está sempre na boca de alguns artistas curitibanos: A falta de curadoria. Bem este é nosso festival. Passado minha indignação anual: Escolhi. Escolhi pelo grupo, Armazém Companhia de Teatro. O espetáculo: INVEJA DOS ANJOS. Este grupo, que começou paranaense, bate ponto na mostra contemporânea, e sempre me surpreende pelas atuações, por vezes catárticas, e pela coerência, o que se pode creditar pelo trabalho continuado que só um grupo pode oferecer. Fora isso, cenário, figurino, texto, não costumam patinar nas produções do armazém. Não acho que o espetáculo possa estar livre de qualquer suspeita e ainda me assusto com a produção anual de espetáculo do grupo (gostaria muito de ver um espetáculo de repertório), mas também sei que é assim que se enquadra no esquema de um festival que não acredita na melhora, mas sim na quantidade. Sobre o espetáculo é só o que posso dizer, pois ainda é uma aposta. Mas indico a todos que fiquem atentos aos espetáculos dos grupos de Curitiba que fazem parte do Movimento de Grupo, e mais ainda, conversem com os artistas que estarão na cidade, pois a melhor divulgação dos bons espetáculos é feito boca a boca. Abraço grande e bom festival pra todos.





Feito as primeiras apostas, fiquem antenados para as próximas indicações. Muito obrigado aos atores convidados, amigos queridos, que atenciosamente aceitaram em colaborar com a iniciativa do blog Figurino e Cena. Grande abraço nos três atores e outro de igual tamanho à vocês!
Boas escolhas!