quinta-feira, 19 de março de 2009

CALÍGULA PECA PRINCIPALMENTE PELO EXAGERO

(cena de Calígula, dirigido por Gabriel Villela - foto divulgação)

Antes mesmo da Nena Inoue apostar em Calígula aqui no Blog, eu já tinha comprado meu ingresso pelos mesmos motivos que os dela.
Sempre fui fã do Gabriel Villela e do cenógrafo J.C. Serroni. Também já imaginava que o ator Thiago Lacerda estaria bem no protagonista. De fato, no teatro ele esteve muito melhor do que qualquer personagem que interpretou na TV. Apesar de não ter gostado, não dá para dizer que o espetáculo não é bom, todo o elenco é composto por ótimos atores, a direção e toda a produção são mais do que corretas.
O cenário grandioso só poderia ser exibido mesmo no Guairão. Toda a eloquencia do personagem título e toda a grandiosidade do texto de Albert Camus só poderiam também serem apresentados num grande teatro que comportasse tamanha imensidão. Porém, a montagem contemporânea de Villela para o texto clássico de Camus peca principalmente pelo exagero de todos os componentes da encenação.
Há tentativas de se fazer com que o jogo cênico dialogue com o cenário, porém a principal característica deste último é apenas a decoração. A atualização do figurino muitas vezes não se encaixava na densidade das palavras nas quase duas horas de apresentação. Calígula é excessivamente verborrágico. Como diria um querido amigo, "que preguiça!". Algumas pessoas não suportaram e deixaram o teatro antes do final do espetáculo. A encenação também propõe algumas metáforas com os objetos de cena e as mudanças de atos, nada de revelador e genial, apenas articulações mais do que vistas em pleno século XXI.
Não sei se a Nena já viu o espetáculo e o que ela achou, ainda não nos encontramos, a análise que estou postando aqui é fruto do meu próprio olhar e da minha singular especulação. Quem sabe ela leia esta postagem e também resolva comentar. Tenho certeza que algumas pessoas saíram satisfeitas de lá.
Fica então a promessa para um próximo espetáculo do talentoso encenador Gabriel Villela que, como muitos outros espetáculos anteriores, sempre me encantou muitíssimo.
Nada e nem ninguém é tão perfeito que consiga sempre agradar.
Algumas vezes até os grandes mestres deixam a desejar.
FICHA TÉCNICA:
Autor: Albert Camus - Tradução: Dib Carneiro Neto - Direção: Gabriel Villela - Elenco: Thiago Lacerda, Pascoal da Conceição, Magali Biff, Rodrigo Fregman, Pedro henrique Moutinho, Jorge Emil e Ando Camargo - Cenário: JC Serroni - Figurino: Gabriel Villela - Sonoplastia: Cacá Toledo e Daniel Maia

Um comentário:

Kim Bastos disse...

TAMBÉM ACHO QUE A ATUAÇÃO DO THIAGO LACERDA É A MELHOR COISA DA PEÇA. TIVE QUE AGUENTAR FUNDO PARA NÃO IR EMBORA ANTES DE ACABAR...
PARABÉNS PELO BLOG, TA CADA VEZ MELHOR!