quarta-feira, 18 de março de 2009

APOTEOSE A CÉU ABERTO


(espetáculo O amargo santo da purificação - foto divulgação)

O barulhento trânsito do meio dia, nos arredores da Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, não foi suficiente para atrapalhar a apresentação do espetáculo O amargo santo da purificação encenado pela Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz de Porto Alegre. Na platéia, várias pessoas de teatro e outros contemplados. Um espetáculo no sentido amplo e grandioso do termo. No calendário, 18 de Março, primeiro dia de apresentações do Festival de Curitiba, porém a vinda a Curitiba nada tem a ver com a programação do Festival, eles vieram pela Caixa Cultural e a produção local é da Nena Inoue.
A trupe, ou tribo se preferirem, veio para, além da apresentação, realizar uma oficina e um bate papo para os interessados. Não pude me inscrever, estava comprometido com a agenda, tive que me contentar com o espetáculo. O contentamento foi por completo. Gosto de ver o teatro sendo levado às ruas, a céu aberto, com toda a sua possibilidade de encantamento e suspensão da realidade pela arte. O amargo Santo da Purificação é como jogo de futebol realizado em grande estádio, faz nosso corpo vibrar mais forte.
Entre danças, canções e cenas aquilo que vi parecia um ritual em determinados momentos. Em outros, parecia carnaval. Glauber Rocha. Guerra. Parecia confusão. De um lado, a simplicidade do teatro popular feito pelos artistas de rua. De outro, toda a sofisticação de uma grande produção que marca os 30 anos de existência e pesquisa daqueles atuadores.
O espetáculo conta a trajetória marcante do revolucionário brasileiro Carlos Marighella através de alegorias, adereços e figurinos bem executados e de forte impacto visual. Uma grande e impressionante parafernália, difícil de se transportar, dialogava com a performance de um elenco formado por 25 artistas bem afinados e treinados. A principal função do espetáculo é social, uma obra a serviço da arte e da política e inteiramente disponível ao publico, na rua, de graça e ao meio dia.
Para mim, todos os amigos da classe artística e demais publico presente, a semana começou muito bem.
Quem não foi perdeu.
Espero que tenha uma próxima.
Valeu!

(foto divulgação)

FICHA TÉCNICA
Encenação coletiva da Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz
Dramaturgia criada coletivamente a partir dos Poemas de Carlos Matighella
Roteiros, sonoplastia, figurinos, máscaras, adereços e elementos cenográficos – criação coletiva.
Músicas: Johann Alex de Souza
Atuadores:
Paulo Flores, Tânia Farias, Pedro Kinast de Camillis, Clélio Cardoso, Luana Fernandes, Marta Haas, Edgar Alves, Roberto Corbo, Sandra Steil, Paula Carvalho, Judit Herera, Eugênio Barboza, Roberta Fernandes, Lucio Hallal, Paula Lages, Déia Alencar, Danielle Rosa, Alex Pantera, Karina Sieben, Jorge Gil, Luciana Tondo, Carlo Bregolini, Renan Leandro, Alessandro Müller e Jeferson Cabral.
Locução AI-5 e Descrição Clima Cena da Morte: Nilson Asp
Voz das Lições de Tortura: Giovana Carvalho
Criação da Cabeça de Getúlio Vargas: Alessandro Muller
Criação e Execução dos Triciclos: Carlos Ergo (Ergocentro)
Criação e Execução do Estandarte “Depor Podre Poder” e colares Iansã: Margarida Rache
Confecção de Figurinos: Heloísa Cônsul
Execução de Crochê das Cabeças Marighella: Maria das Dores Pedroso
Preparação dos Atores:
Capoeira: Ed Lannes (Grupo Zimba)
Berimbau: Nelsinho (Grupo Zimba)
Saxofone: Zé do Trumpete
Dança Afro: Taila dos Santos Souza (Odomodê)

3 comentários:

Paola Vannucci disse...

gostei muito de vir aqui no seu blog

beijos

Paola

Figurino e Cena disse...

Paola, eu também gostei muito de ver você aqui. Já que gostou, fica o convite para voltar sempre.
Obrigado pelo carinho.
Beijo grande.

Thaisa disse...

Não poderia deixar de comentar o espetáculo que, definitivamente, ficará registrado para sempre em minha memória. Um verdadeiro manifesto político executado com muitíssimo bom gosto. O teatro de rua com propósitos que vão além de popularizar essa arte, como de fazer carregar parte dela nos mais íntimos pensamentos de cada espectador. Uma ideologia que ficará martelando em minha cabeça por mais alguns dias, fazendo ressurgir questionamentos que permaneciam "adormecidos". E, finalmente, o prazer de redescobrir o poder que o teatro tem.