sexta-feira, 20 de março de 2009

INVEJA DOS ANJOS


(cena do espetáculo Inveja dos anjos - foto divulgação)

Melhor do que uma boa história é quando ela é bem contada. Melhor ainda quando isso acontece no teatro e através de cenas desenhadas no espaço. Paulo de Moraes é um dos encenadores que ainda sabem fazer do texto dramático um bom motivo para que o teatro exista.
Se você leitor me perguntar o que o teatro dramático ainda quer nesses tempos de crise da palavra e de questionamento da personagem, posso lhe indicar um espetáculo encenado por Paulo de Moraes. Ele pode nos contar que esse teatro ainda pode querer muito. Ele ainda pode, através das articulações dos signos do espetáculo, emocionar e provocar o questionamento da vida através da arte da interpretação.
Além da direção, Paulo assina com Maurício Arruda a dramaturgia e o cenário em parceria com Carla Berri. Ele também acerta ao somar, na estética de Inveja dos anjos, a composição perfeita entre cores e formas do figurino criado pela Rita Murtinho. A plasticidade do espetáculo pulsa sob a luz de Maneco Quinderé que faz valorizar o movimento dos atores que estão totalmente inseridos na cena. O elenco se responsabiliza pelo restante, ou seja, pelo jogo, pelo tudo que caracteriza o teatro: a cena.
A Armazém Companhia de Teatro ocupa um lugar confortável no teatro contemporâneo: não reinventa a roda, mas torna-se o combustível incessante que a faz girar, sem falsear, sobre os atritos desse solo conflituoso.
Sobre a boa história nada vou falar, você ainda tem duas oportunidades de encontrá-la no Festival de Curitiba. Acredito que não vai se arrepender.

FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo de Moraes – Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes – Elenco: Marcelo Guerra, Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Simone Mazzer, Simone Vianna, Thales Coutinho e Verônica Rocha – Iluminação: Maneco Quinderé – Figurinos: Rita Murtinho – Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri – Trilha sonora (composição e pesquisa): Ricco Viana – Projeto gráfico: Alexandre de Castro – Fotografias: Guga Melgar – Produção Executiva: Flávia Menezes.



2 comentários:

Karla Moraes disse...

Uma peça envolvente!!!
O texto, fragmentado, e reconstruído a partir de histórias tão originais nos faz percorrer caminhos que mesclam emoção e teatralidade.
O cenário, uma verdadeira viagem pelo mundo das possibilidades - da imaginação.
Nos diálogos, palavras simples (cotidianas ou não) ganham novos significados.
É! Comentar teatro é realmente algo "perigoso"! Com toda a ironia a que essa frase tem direito... Mas falar sobre a emoção que é vivida - tanto pelos atores quanto pela platéia - é como falar da mais pura existência de um "uno" que transforma todos esses elementos num incrível teatro-ritual.

Figurino e Cena disse...

Que bom ler seu comentário Karla!
Obrigado pela contribuição e seja sempre bem vinda!
Grande abraço.